Os garotos precisam da presença paterna. Mas, acentua a psicanalista Andreneide Dantas, quando por algum motivo o pai não está presente, a mãe deve de alguma forma lembrar a figura paterna. “Mesmo que o pai não esteja presente, ele deve ser lembrado. O menino sempre terá uma referência masculina em quem vai se espelhar, pode ser um tio ou o avô”, afirma.
Para Biddulph, a referência masculina é fundamental para que os garotos desenvolvam suas potencialidades. As meninas também são beneficiadas, pois é por meio do convívio com os pais que desenvolvem a auto-estima e têm sua inteligência e autoconfiança estimuladas. “Os pais precisam chegar em casa a tempo de brincar, rir, ensinar e principalmente 'curtir' os filhos”, diz.
Testosterona
“Criando Meninos”, fala de um outro aspecto do desenvolvimento dos garotos, mostrando como a testosterona (hormônio masculino), influencia no funcionamento do cérebro.
Aos 4 anos de idade, os garotos recebem uma súbita onda de testosterona que fará com que eles se tornem muito mais interessados em heróis e aventuras. Aos 5 anos, esse nível de hormônio cai pela metade e eles ficam mais calmos, mas não o suficiente. Biddulph acentua que é justamente nessa época que se inicia a vida escolar das crianças.
“Aos 5 ou 6 anos, quando estão se iniciando na escola, o desenvolvimento dos meninos é, freqüentemente, 12 meses mais lento que o das meninas, em especial em áreas como controle da motricidade, linguagem e sociabilidade. Isso ocorre porque os meninos têm menos conexões entre os hemisférios direito e esquerdo do que as meninas”, afirma.
Para Biddulph, respeitar o tempo de amadurecimento dos meninos, que é mais lento, é essencial para que eles se desenvolvam de forma saudável. “Educadores têm observado que os meninos têm um desempenho baixo na escola e são responsáveis por cerca de 90% dos problemas de comportamento e 80% dos casos de dificuldades de aprendizagem. Podemos criar homens fortes e amorosos se nos propusermos a compreender sua natureza.”
Entrevista - “Temos hoje a geração com a maior falta de pais que já houve na história”
O inglês Steve Biddulph é psicólogo há 25 anos. Ele acredita que terapia não basta para fazer alguém mudar de vida porque só alcança gente rica. Resolveu então escrever livros simples para socializar o conhecimento. Conversou com 100 mil pais e reuniu suas idéias em best-sellers como “O segredo das crianças felizes” e “Criando meninos” (Ed. Campus), com mais de três milhões de exemplares vendidos em vários países, inclusive no Brasil. Steve tem um filho adulto, uma filha adolescente e um ferret de estimação.
Diário: Qual o maior problema educacional hoje?
STEVE BIDDULPH: Visitei escolas e conversei com muitos pais aqui no Brasil para aprender sobre a situação específica do país. Descobri que, em todo o mundo desenvolvido, por causa do consumismo, as famílias foram assassinadas pelo estresse e pela pressa. A pressa é inimiga do amor e a pressão para ganhar e gastar dinheiro é o maior problema do mundo de hoje. Temos que reconquistar tempo para relaxar e aproveitar mais as pessoas e menos as coisas. A ganância do mundo desenvolvido rouba os pobres do mundo em desenvolvimento. Peço aos pais de qualquer lugar para serem menos consumistas.
O que um pai pode fazer pelos filhos?
Eu me preocupo com os pais que foram afastados da família e da vida em comunidade pelo papel de provedor. Temos hoje a geração com a maior falta de pais que já houve na história. Minha missão é trazer os homens de volta à vida das crianças. Se um pai lê uma história para o filho na hora de dormir ou pega as crianças na escola e brinca com elas, as pesquisas demonstram que isso vai melhorar as chances de vida dos filhos. Eles vão ser melhores na escola, arrumar menos encrenca com a lei, ter empregos melhores. Ter pai e mãe que se importam com você é o máximo. Os filhos se sentem especiais e aprendem a amar a escola, se os pais lêem livros para eles.
O que uma criança precisa para ser feliz?
Uma criança é feliz se tem três ou quatro pessoas que a amam e pode estar com essas pessoas quando são pequenas. Uma mãe, um pai, um avô ou tio ou irmão maior ou irmã. Você não precisa de muitas coisas materiais. Pessoas pobres costumam ser mais amáveis e pacientes com os filhos. Mas é preciso mais atenção aos meninos. Escrevi “Criando meninos” porque há uma tremenda crise com os garotos. Eles morrem três vezes mais que as meninas, de acidentes, suicídios, drogas e violência.
Qual a diferença na educação de meninos e meninas?
A maior diferença dos garotos é o tempo de crescimento: eles são mais lentos que as meninas no desenvolvimento mental. Muitos meninos não estão prontos para a escola antes dos 5 anos e deveriam esperar mais um ano, se necessário, ficando no jardim da infância. Se esperassem um ano, ficariam prontos para sentar quietos, ter maior capacidade de linguagem.
Os meninos não sabem se comunicar?
Os meninos precisam de ajuda para serem bons em comunicar seus sentimentos. Os pais deveriam ler e contar histórias, conversar mais com eles. Os pais brasileiros são ótimos em calor humano e afeição. Mas é preciso premiar o bom comportamento. Os pais devem fazer os meninos ajudarem nos trabalhos de casa tanto quanto as meninas.
Meninos devem cozinhar?
Todo menino deveria aprender a cozinhar lá pelos 9 anos e preparar uma refeição para a família uma vez por semana. O mundo não precisa mais de homens capazes de lutar com búfalos. Queremos homens capazes de dividir e comunicar. Precisamos de homens como Nelson Mandela, não como George W. Bush.
Quem educa melhor, o homem ou a mulher?
Homens e mulheres podem, ambos, educar bem. Mas há algumas coisas únicas que cada um faz. As mães deixam as crianças mais calmas. Os pais puxam os meninos para cima, mas, fazendo isso, podem estressá-los. Crianças com pais que brincam com elas são muito mais relaxadas e confiantes. Os pais ensinam os meninos a controlar sua excitação, a ficar excitados sabendo quando parar para não ferir ninguém. As mães ensinam os meninos o que as mulheres gostam nos homens: conversa, gentileza, humor. Os pais dão às filhas confiança e valorizam sua inteligência. A menina que não tem pai presente confunde atração com amor paterno e é facilmente explorada por meninos.
O que os pais podem ensinar aos filhos?
Pais que trabalham por muitas horas se submetem demais aos seus filhos porque não querem ser “maus” no tempo curto que têm com eles. Mas o certo é esperar que os filhos façam os deveres da escola e ajudem nas tarefas de casa. Os pais devem mostrar como o verdadeiro orgulho vem daquilo que você faz e não de como você se parece ou do que você tem. É ótimo passar o tempo livre com amigos, com outras famílias, de modo que haja um vilarejo no imaginário cotidiano do filho, ainda que a família viva em cidade grande. Minha mensagem é essa: construam uma comunidade. Dediquem tempo à escola, aos grupos de esportes e aos amigos. Não fiquem só vendo TV e indo ao shopping. As pessoas, e não as coisas, são o verdadeiro sentido da vida.
Matéria Publicada na "Revista Já" - Suplemento do Diário de São Paulo
Edição de 08/06/2003
3 comentários:
Fatinha, olha que coinscidência!
Eu acabei de ganhar esse livro da minha irmã "Criando Meninos" e estou adorando.
Fiz um post há uma semana atrás e coloquei uma foto da capa do livro.
Álias, minhas duas irmãs mais velhas são pedagogas e sempre me auxiliam com o Arthur.
Meninos precisam mesmo de atenção especial no seu desenvolvimento.
bjs
Fatinha eu ctrl+c, copiei e vou mandar pra minha filha, eu tenho dois netos, acho até que vou comprar o livro, pois minha filha adora ler....compartilhar é tudo de bom....eu amei.....bjks.....obrigada por sua visita......Gil
Oi adorei o teu blog, já virei seguidora, nossa tenho um filho lindo de 12 anos, ele é bem tranquilo, e já ajuda com as duas irmäs mais nova, estou louca para voltar para o Brasil mais me preocupo muito com relaçäo a educaçäo deles, por causa das influencias que as amizades causam nas crianças ai, aqui ñ é muito mais no Brasil é uma diferença muito grande, me preocupo um pouco com isso, mais eu vou e depois quem sabe te procuro pra me ajudar a segurar a barra,kkkkk mil bjos e bom final de semana
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